Badasso's Blog

quarta-feira, outubro 13, 2004

Memórias de Leiria

Estou por Leiria e por cá estarei quase até ao fim da semana. Em 2 semanas é a 2ª vez que cá venho e pelo andar da carruagem ainda cá passarei mais uns dias nos tempos mais próximos. Ando por cá em trabalho, na implementação de um projecto para a minha empresa, pelo que da cidade ainda não vi grande coisa. A rotina diária resume-se prácticamente à viagem do hotel para o local de trabalho e vice-versa, isto apenas entrecortado pela hora de almoço. À noite acabo por fazer sempre o mesmo trajecto em direcção a um restaurante porreiro que descobri perto do centro e onde se come bastante bem. Se na semana anterior estive a trabalhar com um colega que me acompanhou desde Lisboa, desta vez estou cá só eu, pelo que confesso sentir-me um bocado solitário. Descobri que não é muito fácil estarmos numa cidade estranha onde não conhecemos ninguém. Não é de admirar que quando cheguei ao hotel depois do jantar desatei a telefonar aos pais e aos amigos, numa tentativa de ouvir uma voz conhecida. Depois deu-me para escrever qualquer coisa no blog, algo que já não faço hà bastante tempo, o problema é que como não tenho um portátil estou a escrever em papel, algo que não faço ainda há mais tempo, anos mesmo. O trabalho vai ser dobrado porque quando chegar a casa ainda vou ter de transcrever a coisa para o computador mas não faz mal, apetece-me mesmo escrever qualquer coisa. Hoje até pensei em jantar pelo hotel e não sair à rua porque está um frio desgraçado mas ao avistar as multidões de velhotes estrangeiros que enchem os corredores do hotel e ocupam continuamente o único elevador existente desisti de ficar por aqui e saí resolvido a dar uma volta pela cidade e descobrir um bom restaurante. Comecei por uma visita ao novo estádio que se situa mesmo nas traseiras do hotel, estádio esse que é tão feio que consegue transformar o Alvalade XXI numa obra de arte. Exteriormente é mesmo ridículo, mas na sua parte interior ainda é pior, a única coisa que me vem à cabeça são as construções que eu fazia com Legos de todas as cores. Tal e qual. Depois decidi andar numa determinada direcção, numa tentativa de evitar o centro da cidade, que eu aliás já conhecia. Caminhei, caminhei mas só encontrava ruas escuras e desertas, nem um único restaurante para amostra. Meia hora depois, já com o estômago a dar horas e o frio a apertar desisti do passeio panorâmico e dirigi-me para o centro, o único lugar em que eu sabia poder encontrar um restaurante. Lá cheguei após um passeio de 1 hora, quase sem ver ninguém. Jantei um belo bife à casa bem regado com o tinto da região e voltei para o hotel, não sem antes ter a curiosa tentação de comprar um maço de tabaco. Aos anos que eu não pensava em comprar tabaco, a solidão deu-me para isto. E cá estou meio deprimido, à espera que comece o jogo da selecção contra os russos. Ainda por cima o raio do hotel, que tem fama de ser o melhor da cidade, tem um aspecto verdadeiramente deprimente. Na semana passada fiquei no Íbis, hotel simples e barato mas de construção recente e com todos os confortos essenciais. Ora desta vez e devido à enchente de velhotes estrangeiros (vim depois a descobrir que andam por cá por causa das cerimónias em Fátima) o Íbis estava cheio pelo que me passaram para o D.João III, o tal que é o melhor cá do burgo. Ao entrar no aposento fiquei imediatamente surpreendido com o facto de me terem colocado não num quarto mas sim num pequeno apartamento, com hall de entrada, quarto, sala e casa de banho. Porreiro, pensei eu, ainda por cima o quarto é mesmo o maior que já vi num hotel. O problema é que o edificio é do tempo da D.Maria (ou se calhar ainda do tempo do D.João III) e não possui uma única lâmpada no tecto, sendo apenas e fracamente iluminado pela insuficiente luz de candeeiros de mesa. Nem imaginam a dificuldade que tenho em escrever estas linhas. O único local em que se pode mesmo ler um jornal ou um livro é na casa de banho!?! Ainda por cima a televisão que está na sala é tão pequena que tive de a puxar para o meio da divisão para poder distinguir alguma coisa. Bolas, estou com umas saudades de casa...