Fianalmente começou o nosso Europeu
A alegria que sinto ao escrever estas linhas só é ultrapassada pelo prazer que tive ao ver um jogo que para mim foi dos melhores espectáculos de futebol que tive oportunidade de acompanhar neste Europeu. À selecção portuguesa era pedido que ultrapassasse um obstáculo durissimo, uma equipa espanhola que se encontrava no 3º lugar do ranking da Fifa, contando com jogadores de classe mundial e que ainda por cima não se podia dar ao luxo da derrota se quisesse seguir em frente na competição. A selecção respondeu como um todo e realizou uma das melhores exibições de sempre, principalmente na 1ª Parte em que os extremos portugueses deram uma autêntica lição de futebol à defensiva espanhola. Faltou apenas o homem na área para poder concretizar os lances de golo que eram servidos pelas pontas, Pauleta mais uma vez passou ao lado do jogo e não me admira que tenha perdido a titularidade (Finalmente!!!). Costinha a jogar muito atrasado em relação ao seu meio campo não apoiava muito Maniche pelo que este teve trabalho redobrado na recuperação de bolas na intermediária e na saída para o ataque. A defesa lusa sempre a grande altura ia aguentado lá atrás, falhando apenas numa ocasião em que Torres atirou ao poste. Na 2ª Parte e apesar do esquema táctico ser o mesmo, Nuno Gomes acabaria por alterar tudo com um golo soberbo, num dos seus movimentos clássicos de rotação e remate. A partir daí o jogo tornar-se-ia mais aberto com a Espanha balanceada para o ataque a criar mais espaços na sua defensiva. Nesta altura a defesa nacional vacilou um pouco, a disponibilidade fisica já não era a mesma, e os lances de perigo rondavam a nossa baliza. Portugal ia também desperdiçando lance após lance para matar o jogo, com Costinha, Nuno Gomes e Maniche a fazerem o mais difícil para falharem o mais fácil. Vamos então à apreciação individual dos atletas :
Ricardo - Bastante seguro entre os postes acabou por não ter grande trabalho, destacando-se porém a excelente saída a pés juntos a cortar lance de perigo na 1ª Parte.
Nuno Valente - Grande exibição do lateral esquerdo, soberbo a secar Joaquím que não conseguiu nunca passar por ele e muito bem no apoio ao ataque criando mesmo alguns lances de perigo em cruzamentos para a área. Perfeito.
Jorge Andrade - Finalmente com uma exibição merecedora da fama que possui, sendo porém algumas vezes surpreendido em velocidade por Torres. Continua a abusar da charutada quando deve jogar com mais calma.
Ricardo Carvalho - Para mim o homem do jogo, Ricardo Carvalho claramente a cotar-se como um dos melhores centrais do mundo e a estabelecer claramente a sua titularidade na equipa. Fenomenal na forma como lê as desmarcações adversárias, antecipando-se sempre com conta, peso e medida. Espantosa a disponibilidade fisíca que põe em campo e a forma rápida e decidida como surge em apoio aos companheiros da defesa. Grande jogador.
Miguel - Mais uma grande exibição de Miguel a justificar a titularidade. Não era fácil defender Vicente, que surgia claramente como a principal arma ofensiva dos espanhois mas Miguel conseguiu-o plenamente, arranjando ainda fôlego para subir no terreno e trabalhar de forma excelente com Cristiano Ronaldo no flanco direito. Desceu fisicamente na 2ª Parte, principalmente no último quarto de hora e poderia e deveria ter sido substituído.
Costinha - Em plano de menor evidência que os seus companheiros já que jogou prácticamente colado à defesa numa tentativa de marcar individualmente Raúl. Acabou por não apoiar o meio campo como seria suposto mas desempenhou bastante bem o seu papel já que Raúl practicamente não tocou na bola.
Maniche - Grande entrega de um jogador que teve a dura tarefa de segurar o meio campo e apoiar o ataque. Apenas alguns têm coração para tanto e Maniche mostrou claramente que é um deles. Teve excelente oportunidade para fechar o jogo ao tourear com classe Casilhas e rematar para a baliza entreaberta mas viu Raúl Bravo cortar a bola em cima da linha.
Luís Figo - Outra grande exibição, fez claramente lembrar o Figo dos tempos do Barcelona, dando um autêntico recital de fintas e simulações, superiorizando-se vezes sem conta a Pujol e Bravo. A calar de uma vez por todas os detractores que o queriam enviar para o banco.
Cristiano Ronaldo - Claramente um dos melhores jogos da sua vida, a lembrar a exibição que fez contra o Manchester United neste mesmo estádio e que lhe valeu a contratação para o clube inglês. Soberbo no uso da velocidade e da finta, fez o que quis de toda a defesa espanhola, arrancando excelentes cruzamentos que não foram aproveitados por um Pauleta ausente. Um Ronaldo assim será sempre titular.
Deco - Mais uma peça fundamental no esquema lusitano, rubricando mais uma exibição de classe. Excelente na forma como luta pela posse da bola e na velocidade que imprime ao jogo quando sai com esta controlada. Continuo a achar que não deveria fazer parte desta equipa mas já que faz...
Começa a fazer esquecer Rui Costa.
Pauleta - Mais uma exibição apagada de Pauleta. O esquema táctico de Scolari não parece beneficiar muito o ponta de lança mas Pauleta faz 3 jogos em que practicamente não toca no esférico. Pode ter perdido aqui a titularidade.
Nuno Gomes - Entrou para marcar o golo da vitória e se isso não fosse suficiente teve ainda oportunidade de fazer o segundo após trabalho individual de mérito sobre o defesa espanhol rematou na cara de Casilhas para a defesa deste.
Petit - Entrou a substituir Figo numa altura em que a Espanha se lançava declaradamente ao ataque e em que seria urgente dar mais força a um meio campo orfão de um verdadeiro trinco.
Fernando Couto - Entra a 5 minutos do final numa clara tentativa de segurar o jogo, acalmando com a sua experiência uma defensiva que parecia prestes a quebrar sobre a pressão espanhola.
Deste mágnifico desafio de futebol guardo apenas a mágoa de ter sido obrigado a acompanhá-lo pela TVI, onde a juntar ao habitual comentador cretino estava José Mourinho que aproveitou para uma jornada de promoção dos jogadores do Porto. Já se foi embora mas continua a trabalhar em prol de quem lá ficou, até aqui muito bem. Eu é que dispensava bem a xaropada.
2 Comments:
Excelente análise de um verdadeiro aficionado do futebol. Peca a meu ver no entanto por deixar de referir o passe soberbo de Nuno Gomes para Maniche ( "... e rematar para a baliza entreaberta mas viu Raúl Bravo cortar a bola em cima da linha..." ).
By Anónimo, at 21 de junho de 2004 às 16:07
Ah estou a ver, um anónimo benfiquista. Tá bem.
:)
By Badasso, at 21 de junho de 2004 às 17:31
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