A melhor sitcom de todos os tempos
Este fim-de-semana foi para mim de descanso e pasmaceira. Se no sábado ainda saí para fazer umas compras e aproveitei para dar uma limpeza à casa, no Domingo o entorpecimento foi total, limitando a minha actividade física às mudanças de poiso, nomeadamente da cama para o sofá, do sofá para o computador, do computador para a cama. Devo dizer que é um ciclo altamente vicioso pelo que não recomendo esta práctica a ninguém que não seja dotado de grande força de vontade. De contrário correm o perigo de permanecer na mesma rotina ao longo do resto da semana. Confesso que este ano ainda não tinha lido um único livro verdadeiro, daqueles à moda antiga feitos com papel, pelo que foi com algum prazer adicional que peguei ontem em mais uma das minhas fantásticas escolhas provenientes da Feira do Livro e iniciei a leitura. A escolha acabou por provar-se não tão fantástica como inicalmente previ, afinal o livro só custava 500 paus mas era um bocado chato pelo que cedo me vi confrontado com a obrigatoriedade de ligar a televisão para passar o tempo. Pessoalmente não tenho nenhum preconceito contra a televisão nem acho que seja à partida um meio de comunicação inferior ou reservado a pessoas de baixa cultura, como alguns pseudo-intelectuais que por aí abundam não se cansam de afirmar. Toda a vida fui um ávido consumidor televisivo e não foi por isso que me tornei mais estúpido do que sou, tudo se resume a uma escolha criteriosa do que se vê. Infelizmente de há uns anos para cá a qualidade tem-se afundado a olhos vistos e o espectador vê-se limitado na escolha. Ora então liguei a televisão e depois da ronda pelos canais habituais estacionei um bocado na Sic Radical que transmitia mais um directo do Rock in Rio. O ambiente era fabuloso com perto de 100.000 pessoas a vibrarem intensamente com a entusiástica Ivete Sangalo, um autêntico furacão no palco. Apesar de não ser um tipo de música que me agrade de sobremaneira há que reconhecer que a senhora sabe puxar pela platéia e pôr o povo a mexer. A única banda que me faria ir ao Rock in Rio não esteve presente pelo que me contentei em acompanhar o festival no conforto do meu quarto. É pena porque em 2002, em pleno Rio de Janeiro frente a cerca de 250.000 pessoas os Iron Maiden deram um concerto histórico, que preservo em DVD como se de um tesuro se tratásse. A seguir veio o Alejandro Sanz e como já estava farto de música reiniciei a ronda pelos canais até me lembrar que estava para começar aquela que, até prova em contrário, é quanto a mim a melhor sitcom de sempre. Falo obviamente do genial "All in the Family" que é como quem diz "Uma família às direitas", transmitida em compacto de 5 episódios todos os Sábados e Domingos na Sic Gold. Esta é uma série que acompanho desde tenra idade, porque eu ainda sou do tempo em que o bacalhau era a 5 tostões o kilo (o que merda vem a ser um tostão ?) e em que só existiam dois canais para a malta se entreter. Nessa altura haviam duas séries diárias na RTP 2 que eu nunca perdia, uma a referida sitcom, outra a inesquecível e inigualável "The Twilight Zone". Acerca de "All in the Family" e além da evidente piada que todos os membros do elenco têm (ainda hoje e passados 33 anos da sua estréia), devo salientar o chefe da familia Bunker, Archie Bunker. Archie é o arquétipo do americano comum de classe média dos anos 70, branco, bronco e autoritário, que apesar de se queixar de tudo e de todos não deixa de patrioticamente apoiar o seu presidente, à época Richard Nixon, mesmo durante o escândalo watergate e ainda depois de este se demitir. Archie é um racista inveterado e não se coíbe de demonstrar a todo o momento a sua xenófobia gritante, mas é também um ignorante pelo que cada vez que tenta denegrir um preto, um latino ou um polaco acaba por se ridicularizar a si próprio. Este é sem dúvida um dos grandes trunfos da série e talvez até o principal segredo do seu sucesso e longevidade. Archie não tem qualquer pejo nem vergonha em utilizar termos polémicos como escarumba ou preto só porque são desconfortáveis, antes pelo contrário, já que eles retractam a realidade americana dos anos 70, em que a luta pelos direitos cívis mais básicos era ainda uma realidade bem presente para os afro-americanos e não só. No outro extremo da balança encontra-se a doce esposa de Archie, Edith, que alia à extrema inocência uma idiotice de partir o coco. O quadro familiar é completado por Glória, a filha liberal de Archie e o seu jovem marido Mike, estudante universitário sempre envolvido em causas politicas e humanitárias, de ascendência polaca e a quem Archie se refere carinhosamente como "Meathead", o famoso cabeça de abóbora. A ajudar declaradamente à festa estão os vizinhos pretos de Archie, os Jeffersons, que constituem como que uma imagem ao espelho da familia Bunker, mas do ponto de vista negro. O seu chefe de familia é tão racista como Archie pelo que entre eles sempre se verificam duelos memoráveis. Num dos meus episódios favoritos os dois unem forças para não permitir a entrada no bairro de um casal de Portoriquenhos, esquecendo-se entretanto das rivalidades entre ambos bem como das barreiras sociais e étnicas que os separavam até aí. Delicioso.
Leio hoje num outro blog que Seinfeld estará de regresso aos nossos ecrans em Setembro, por intermédio da Sic Radical. Espero sinceramente que seja exibido a uma hora mais decente do que aquela a que os anormais da Tvi o faziam. Esta também uma grande, grande sitcom.
2 Comments:
Ainda hoje vibro com essa série e vejo-a sempre q posso com a minha namorada pq ela tb a adora.
E por incrível que pareça, ainda hoje (e acho que sempre o vou fazer) me parto a rir quando no genérico a Edith desafina!
É verdadeiramente hilariante!
By Freddy, at 7 de junho de 2004 às 20:42
Nem mais!!!
By Badasso, at 8 de junho de 2004 às 08:13
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