Todos ao Parque Eduardo VII (este título é perigoso...)
Já há alguns dias que aqui não escrevia, esta semana foi difícil encontrar tempo, o trabalho aumentou e a vontade não se manteve ao mesmo nível das primeiras semanas de vida do blog. De qualquer forma aqui estou prestes a verter de novo o que me vai no pensamento numa prosa que espero ser minimamente legível e interessante. Esta semana fui à Feira do Livro acompanhado de alguns amigos e vim de lá com um apreciável carregamento de literatura para digerir ao longo do corrente mês, em que por sinal vou estar de férias. Este ano na sua 74ª edição a Feira foi realocada para o topo do Parque Eduardo VII, o que não deve ter dado muito jeito aos seus habituais fregueses nocturnos bem como aos respectivos fornecedores que costumam bater a zona. Enfim, tentando sempre não nos aproximar muito de nenhuma "criancinha" que por lá andásse perdida,(não queriamos ser associados a alguma situação duvidosa) adentrámos o referido parque e iniciámos a descida entre os pavilhões da margem direita. O arvoredo circundante bem como a brisa do fim de tarde proporcionavam uma sensação refrescante em contraste com as altissimas temperaturas verificadas durante o dia, pelo que nos moviamos confortável e lentamente entre os pavilhões das várias editoras expostas. O ritmo era porém apressado com alguma frequência pelo amigo João que estando algo faminto só pensava em dirigir-se ao restaurante mais próximo. De qualquer forma passámos ainda 2 boas horas a vasculhar por entre obras tão díspares como curiosas, desde alguns clássicos da literatura mundial até aos compêndios de culinária vegetariana, passando por roteiros túristicos ou obras de carácter pseudo-religioso que sempre me trazem à lembrança os salafrários da IURD e as suas tácticas de arrebanhamento de fíeis. O dinheiro é que não dava para tudo e mais do que uma vez tive de escolher entre dois ou três livros presentes no mesmo expositor, e não fui só eu, o mesmo se passou com os que me acompanharam. É que os preços oscilavam entre o realmente barato e o ainda bastante caro, razão pela qual muitos livros ficaram por comprar. Talvez para o próximo ano eu consiga finalmente começar a colecção de Banda Desenhada que ambiciono há já algum tempo. Cansados e famintos (já todos nós) rumámos então ao único local capaz de saciar tão voraz apetite, tanto em qualidade como em quantidade, um pequeno restaurante indiano localizado perto dos Restauradores com o nome de Maharaja. Aí terminámos a noite num verdadeiro festim gastronómico, em que os sabores, os motivos decorativos e a música indiana se misturam para proporcionar ao visitante uma experiência única. Recomendo incondicionalmente, não é própriamente barato mas vale bem a pena.
Em jeito de fim de festa deixo então aqui a lista de livros que escolhi para este ano bem como o critério que me levou a seleccionar cada um deles :
- O Velho e o Mar (Ernest Hemingway) - Porque é um clássico, de um autor galardoado com um Prémio Nobel e porque ainda não conhecia nenhuma das suas obras. Por acaso acabei de ler este livro há algumas horas e apreciei bastante a forma simples com que é escrito bem como a pureza da história que nele é retractada.
- Notícia de um Sequestro (Gabriel García Marquez) - Tendo já lido algumas das fascinantes histórias deste colombiano, gostei imenso de "Amor em tempo de Cólera", aproveitei a ocasião e o significativo desconto para adquirir mais uma obra de um autor de vulto.
- A Metamorfose (Franz Kafka) - Ainda só li um livro de Kafka, "O Processo", que confesso até não ter apreciado por aí além, mas tinha um colega de faculdade que falava horas a fio deste livro e que era fantástico e a coisa mais brilhante que tivera a felicidade de ler. Pois então 10 anos volvidos, vou finalmente ver se o tipo tinha razão. Se não gostar vou pedir o dinheiro de volta...
- O Nó do Problema (Graham Greene) - Pois, este ninguém percebeu. Eu passo a explicar. Em primeiro lugar custou 500 paus (eu gosto imenso de usar a expressão 'paus', dá um maior realismo à coisa, não tinha sentido nenhum dizer dois euros e meio, falta-lhe impacto, temos que modernizar o calão). Em segundo lugar é um livro de um autor que eu aprecio e cuja acção se passa na África Ocidental no período da 2ª Grande Guerra. Daí ter que ser bom. Topem só o pormenor da tradução do título : 'The Heart of the Matter' = 'O Nó do Problema'. Brilhante!!!
- Ensaio sobre a Lucidez (José Saramago) - Diz aqui na capa que esta é a 2ª edição e leva já 130.000 exemplares impressos. Pena é que a maior parte desses milhares de exemplares servirão apenas para enfeitar prateleiras. De qualquer forma é sempre chique ter o Saramago na mesinha da sala durante um ano ou dois, desde que não vão lá sempre as mesmas pessoas. Senão é melhor ir alternando com qualquer coisa do Lobo Antunes por exemplo... Um dos melhores livros que li na vida foi precisamente o 'Ensaio sobre a Cegueira' pelo que aguardava com ansiedade por este novo livro do célebre laureado.
- As Cruzadas vistas pelos Árabes (Amin Maalouf) - Aqui há uns anos um colega de trabalho e bom amigo também emprestou-me um livro deste mesmo autor, fabulosa visão da história de uma perspectiva completamente diferente daquela a que nós ocidentais estamos habituados. Já na altura me tinha falado especificamente sobre este título como sendo o melhor que ele teria lido do autor. Espero que sim, já que gostei imenso dos outros quatro que já comprei e li desde então.
- A Divina Comédia de Ariadne e Júpiter (Shere Hite) - Este livro veio de brinde com o anterior. A malta da Difel, além de publicar excelentes obras e distribuir excelentes e esclarecedores catálogos do que publica, ainda oferece umas borlas. Bravo para eles.
- O Rinoceronte do Papa (Lawrence Norfolk) - Um livro que eu já tinha referenciado há muitos anos mas que o preço proibitivo me tinha impedido de adquirir. Fala dos descobrimentos portugueses, ou pelo menos da época em nós ainda descobriamos alguma coisa de útil. Neste século ainda só descobrimos que somos um país de pedófilos governados por uma corja de ladrões... Já é qualquer coisa.
10 Comments:
Um blog putativo, eis a ideia que tinha, mas afinal é um dos blogs mais interessantes que já li. Pede-se assim actualizações diárias para que os leitores se possam deleitar nas rocambolescas histórias apresentadas.
By Anónimo, at 6 de junho de 2004 às 00:23
Banda Desenhada?Por onde começarias?É q sou fanático por BD!!!
By Freddy, at 6 de junho de 2004 às 02:04
Entre outras cenas gostava imenso de ampliar e se possivel terminar a colecção de Spirou que iniciei quando era puto.
By Badasso, at 6 de junho de 2004 às 18:00
Blog putativo ? Essa também é interessante. Ora desenvolve lá esse conceito para ver se eu te entendo.
By Badasso, at 6 de junho de 2004 às 18:02
Spirou?!!Tenho (quase) todos. Falta-me a Máscara Misteriosa e As aventuras no Chantung (q já tive).Boa maneira de começar a colecção mas tens de ter Gaston Lagaffe nela senão é imperdoável...
By Freddy, at 7 de junho de 2004 às 00:25
Eu tenho à volta de uns 15 livros de Spirou mas deixei de comprar há muitos anos. Gaston aparece de vez em quando nas aventuras de Spirou (se fôr o mesmo que estou a pensar) e dá a ideia de ser um tipo extremamente cómico. Esqueci-me de mencionar Blake & Mortimer, para mim uma das melhores BD's de sempre.
By Badasso, at 7 de junho de 2004 às 08:48
Tocaste na mouche!!!
Blake & Mortimer (& Olrik) é do melhorio.
Nada é como o Segredo do Espadão!!!
Fantástico!
E Tintin?Gostas?
By Freddy, at 7 de junho de 2004 às 20:44
Ah sim, Tintin é muito bom. Ainda ontem tive com os DVD's da série animada na mão. Só que eram muito caros e acabei por não comprar. É pena porque também está muito bem feita.
By Badasso, at 8 de junho de 2004 às 08:09
Tenho (re) devorado a colecção que o Publico publicou às 6as feiras que o meu pai comprou e me ofereceu toda de enfiada recentemente.
Que delícia!!!
Mil milhões de macacos!!!
By Freddy, at 8 de junho de 2004 às 14:16
Eu feito camelo deixei-a escapar...
By Badasso, at 8 de junho de 2004 às 14:50
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