Badasso's Blog

sexta-feira, julho 30, 2004

Literatura no Feminino

Quando aqui em Junho visitei a Feira do Livro no sempre célebre Parque Eduardo VII tive o bónus de receber um livro de oferta na compra de outro no stand da Difel. Porreiro, pensei eu, quantos mais melhor, vai-se a ver e até é um bom livro. A vida está cheia de surpresas e nunca se sabe quando se pode ter uma. Ora aqui há 3 dias comecei a ler a referida oferta e desde já vos digo que é simplesmente uma prenda envenenada. Numa palavra apenas e correndo o risco de parecer grosseiro e pouco diplomata, o livro é uma merda! Pelo menos as 40 páginas que consegui forçar-me a ler. Considerando que a obra é composta por 256 páginas ainda engoli 15%, o que atendendo à supra-citada opinião que aqui deixei, já não foi mesmo nada mau. A coisa dá pelo nome d 'A divina comédia de Ariadne e Júpiter' e na contra-capa assim reza o perfil da sua autora, a americana Shere Hite:

"...Historiadora e investigadora cultural reconhecida internacionalmente, escreveu 'O Relatório Hite sobre a Sexualidade Feminina', 'O Relatório Hite sobre a Sexualidade Masculina' e 'O Relatório Hite sobre as Mulheres e o Amor'."

Pelo menos fiquei com a sensação de que a senhora puxou pela cabeça para arranjar um título mais original para a obra que aqui comento. Outros elementos no perfil da autora deixam claramente a idéia de que é uma feminista daquelas a sério. Aliás, passadas uma meia dúzia de páginas esse facto salta à vista pelo que era perfeitamente inútil tal referência. Antes de mais nada devo deixar bem claro que não tenho nada contra a visão feminista da senhora, mas sim da forma condescente e infantil como escreve. Qualquer mensagem se transmite de forma muito mais eficaz se tal fôr feito de maneira inteligente ou recorrendo a metáforas engenhosas, algo que neste livro não existe. Ariadne, a heroína do livro vive no céu, rodeada de figuras célebres da história da humanidade com quem mantém diálogos deveras estapafúrdios, até ao dia em que voa até à terra e por lá vagueia, dando-se conta de uma série de incongruências practicadas pelos humanos, donde se destacam evidentemente a exploração e diminuição da mulher numa sociedade totalitária e machista. Por esta não estavam vocês à espera...
Ariadne, na mitologia grega era filha de Minos, rei da Grécia, e ficou célebre por ter dado ao seu amante, Teseus, o novelo de fio de que este se serviu para escapar do labirinto do Minotauro. A Ariadne deste livro não passa de uma pobre idiota inocente, retratada como uma débil mental, sempre acompanhada pelo outro protagonista da história, Júpiter, um cão falante.
E mais não digo porque mais também não li...

A vida, o Blog e mais além o Universo

Título pomposo ahn? Não se assustem. Hoje deu-me apenas para reflectir no significado que este blog tem para mim, nos motivos que me levaram a iniciá-lo e na forma como ele tem evoluido ao longo da sua, ainda curta, existência. No principio a minha idéia resumia-se a criar um espaço de apresentação de opiniões e dicussão das mesmas com os amigos e conhecidos. Mantenho desde há aproximadamente 1 ano e meio um site dedicado à minha equipa de Futsal em que a malta amiga ( e já não são assim tão poucos) normalmente acorre para expôr opiniões e de uma maneira mais ou menos leve se divertir um pouco. Como no referido site possuo apenas para tal fim o clássico 'Livro de Visitas' pensei que seria porreiro criar um espaço alternativo e específico onde o pessoal pudesse dar livres asas à imaginação e ao debate de idéias. Foi nesse sentido que numa fase ainda prematura da vida do blog comecei por fazer publicidade ao dito cujo. Rapidamente porém me arrependi pois dei-me conta de que este blog poderia servir um propósito ainda mais significativo para mim, ainda que mais egoista por não contemplar mais ninguém. Neste espaço eu poderia, um pouco a coberto da anonimidade ( uma anonimidade um pouco falhada desde o início) cumprir um dos grandes desejos que sempre tive que foi escrever. Escrever, não um livro com um propósito ou uma história definida, mas escrever sobre tudo e nada, sobre aquilo que me faz feliz ou infeliz, sobre o que acho justo ou injusto, até sobre coisas insignificantes que constituem a vida de cada um, ou mais concretamente a minha. Um pouco como este post, sem dúvida à volta de algo negligenciável para os demais mas que, aqui vos garanto, me está a dar bastante prazer a elaborar. Nesta fase e atendendo ao facto de pensar transformar a coisa numa espécie de diário pessoal, confesso que considerei a hipótese de eliminar a possibilidade de comentários aos posts. O que eu sentia era que aquilo que eu viesse a escrever não seria nunca para mais ninguém ler, mas apenas para meu contentamento e auto-critica. Porém, acabei por deixar ficar os comentários e ainda não me arrependi. Com o surgimento das primeiras mensagens descobri uma nova forma de me relacionar com os outros, por vezes até com pessoas que não conheço, com quem talvez até, de outro modo, nunca me viesse a dar, que não partilham sempre as minhas idéias e ideais mas que por aqui andam também, tal como eu, a expor o que pensam e o que sentem. Felizmente que ainda não tive até agora nenhuma experiência desagradável por parte daqueles que frequentam o Badasso's Blog, toda a gente que por aqui tem passado, ainda não foram muitos mas vão passando, tem deixado os seus comentários de forma correcta e educada, mesmo que não concordem com tudo o que publico. De há cerca de 6 meses para cá, altura em que comecei a a navegar pelo universo bloguista nacional, tenho visto por parte de alguns atletas atitudes que roçam o desprezível e o inanarrável. Lembro-me que durante o Europeu existiam 2 ou 3 artistas brasileiros que invadiam tudo o que era Blog que falásse da selecção nacional para ofenderem os autores dos blogs, os blogs, os jogadores portugueses, o povo português, as mães portuguesas e por aí adiante. Enfim, cada maluco com a sua mania. A minha agora é ir escrevendo.
Como diz o outro : 'Whatever gets you through the night, man'.

segunda-feira, julho 26, 2004

Publicidade baixa, não obrigado.

Na 4ª Feira passada desloquei-me com 2 amigos ao Estádio da Luz para proceder à aquisição dos respectivos cativos para a época que aí está à porta, numa operação que demorou umas singelas 6 horas e meia. Depois de esperar, desesperar e perder uma tarde inteira de trabalho, felizmente tenho um emprego de horário flexivel, lá fui atendido juntamente com os meus 2 companheiros de suplício. Ora qual não é o meu espanto quando olho para a capa dos prospectos que abundavam pela sala de atendimento aos sócios e que serviam para publicitar a tão bem organizada operação de angariação de cativos e constato que existem na referida capa 2 fotos com 2 distintas frases. No topo da folha uma imagem de um sector numa bancada vazia de gente num estádio de futebol com cadeiras multi-coloridas sobre um chão amarelo, encimada pela seguinte legenda : "Alguns estádios foram feitos para estarem vazios". Seguidamente uma foto deslumbrante do novissimo Estádio da Luz a abarrotar de gente (a foto foi tirada no dia da estréia do estádio, eu sei bem porque estive lá) e com a frase da ordem no topo da foto : "Outros não!". E mais nada. Na altura comentei com os meus amigos consócios que aquilo era uma evidente manobra provocatória em relação à equipa que muito evidentemente é dona do estádio da foto superior, o Sporting Clube de Portugal. Claro que nos rimos um bocado com a coisa, mas eles não deixaram de concordar que esta foi uma manobra bastante deselegante de um clube que nos últimos anos tem vindo a cair sucessivamente em atitudes que em nada o dignificam. Desde a gestão desastrosa de Manuel Damásio, às falcatruas de Vale e Azevedo e à presidência fantasma de Manuel Vilarinho, se os dirigentes benfiquistas tivessem um pingo de vergonha na cara metiam a viola no saco e iam provocar era a mãezinha deles. Não que dos lados de Alvalade existam pessoas muito dignas, Dias da Cunha é tudo menos isso, antes pelo contrário, ao ponto de até a maior parte dos Sportinguistas que eu conheço estarem desejosos de o ver pelas costas. O que me parece é que do Benfica não se deveria recorrer a atitudes deste nível que servem apenas para acicatar velhos ódios, com o reles pretexto de até ser uma campanha públicitária muito inteligente e bem montada. Estou mesmo a ver a aventesma que teve a idéia, todo contente e aos pulinhos a gabar-se de numa cajadada matar 2 leões. A mim sempre me meteu um bocado de asco as pessoas ou entidades que se auto-promovem à custa da degradação dos outros, seja na política, no futebol ou noutra coisa qualquer. Como não têm capacidade para se evidenciar pelos méritos próprios recorrem à táctica bastante comum de sublinhar as faltas alheias. Coisas destas servem apenas para mostrar que no Benfica e apesar das alterações dos últimos tempos ainda lá andam muitas pessoas sem carácter. Urge uma limpeza de balneário e eu tenho um nome por onde se poderia começar. Para começar podiamos correr já com o Malheiro se é que não correram já com ele ...

domingo, julho 25, 2004

Domingo Melancólico ..... Mas nem tanto.

Hoje acordei com uma melancolia invulgar, talvez devido ao calor que se fez sentir durante a noite e que fez com que não tivesse pregado olho a noite inteira. Não obstante disto, era no entanto um dia de expectativas, o que me fez levantar da cama e tomar o primeiro de três banhos do dia. Escusado será dizer-vos que o calor que se verificou hoje, foi excruciante, mas a ideia de ver o clube do meu coração jogar as 19.15, obliterava por momentos as temperaturas infernais . A transmissão do jogo era na televisão privada independente, vulgo TVI, televisão de alto nível, não fossem as frequentes interrupções de emissão, incorrecções linguísticas e outros predicados que nem vou enfatizar. Como podem depreender pela minha conversa, não era de meu agrado ver o jogo nesta televisão, mas atendendo a ser o SLB a jogar, o esforço estava na ordem do dia. Por volta das 17.45 comecei a olhar para a TVI, visto que estavam a dar as notícias pré-jogo "in loco", quando não é o meu espanto que, vejo o famoso banner a dizer " Confronto de Gigantes Hibéricos .... ", isto fez-me esboçar um sorriso sarcástico e trazer-me a lembrança, das dez coisas que o nosso amigo Badasso mais odeia e que efectivamente eu não posso de deixar de concordar ( TVI "sucks" ). Mas falemos do que interessa, o jogo do Glorioso contra o Real Madrid. Tenho de partilhar que hoje o meu clube esteve num dos seus melhores dias de pré-época, mostrando uma série de passes acertados e uma atitude de preseverança, tudo características que mostram a possiblidade de uma grande participação do SLB na época que se avizinha. Não vou comentar pormenores técnicos, nem individuais, uma vez que, não só, não tenho paleio para isso, como neste blog existe alguém muito mais afoito nas artes de analisar o Futebol. Fica no entanto a mensagem que o Glorioso está ai para grandes feitos, ou pelo menos assim eu espero. E fica também a certeza que a minha melancolia passou depois de ter visto o jogo e escrito este texto. Básicamente sinto-me bastante melhor . Estão a ver ? Resta-nos agora é ultrapassar a " frescura" que nos é reservada para a noite.

P.S. É de lamentar, os incêndios que assolam o Parque da Arrábida neste momento e que, com certeza, se devem em parte à ineficiência dos mecanismos instituídos pelos nossos governantes ( assunto que não darei por terminado aqui e que posteriormente fica garantido a sua continuidade de modo exarado )


O Reforço

Após acesas investidas por parte do meu amigo e conhecido escriba Badasso, apresento-me como o novo contributo a este blog de elevada e extensa qualidade. Sobre o que vou falar ? Bem, enfim nem eu sei, mas faço desde já muitas promessas que possívelmente não vou cumprir e como tal nem vou enunciar nenhuma ( até pareço um político a falar, falo falo e não digo nada de jeito ).
Voltarei a dissertar ( balbuciar é mais a expressão) num futuro próximo.

P.S. E vocês já estão a pensar, olha mais um que julga que sabe escrever.

Reforço para a nova época

O blog tava um bocado parado. A inspiração tem faltado. A preguiça é uma coisa lixada. A vida também. Foi por estas e muitas outras razões que procedi à contratação de mais um escriba para a nova época bloguista que se avizinha. Aqui ficam desde já os votos de boas vindas ao meu grande amigo Jota.

sábado, julho 10, 2004

10 Things I Hate About You (all of you)

Hoje terminei finalmente uma listazinha que já há algum tempo tenho vindo a compilar. Tal como disse no post inaugural deste blog, uma das principais razões para ter começado a escrever aqui prende-se com a necessidade que tenho (e felizmente nisso não sou o único) de dizer mal e de me queixar daquilo que me parece injusto ou menos próprio. Sendo assim aqui fica uma pequena lista de items dedicados a algumas das muitas coisas que me tiram do sério e me fazem pensar que talvez tivesse mais sorte em ter nascido sueco :

1 - El número uno - Os otários e respectivas otárias que passeiam os seus cãezinhos cumprindo o ritual diário e frequentemente matinal de estrumar alegremente os passeios públicos. Devem ser todos muito amigos do ambiente e absolutamente contra a utilização de adubos quimicos e pesticidas, contribuindo desta forma para o crescimento e desenvolvimento natural dos espaços verdes na(s) cidade(s).

2 - A malta que em bando esvoaça de porta de restaurante em porta de restaurante enquanto miram e remiram as ementas pregadas à entrada como se as quisessem decorar, muitas vezes escritas a giz em ardósias negras ou verdes num português trágico-cómico. "Oje á caracóiz" lê-se com frequência nas vitrines dos estabelecimentos visitados pelos referidos bimbos. Normalmente acabam sempre por almoçar na tasca mais miserável que encontram onde se anuncia em letras garrafais que a especialidade do dia é uma mágnifica dose de Pataniscas de Bacalhau no que constituirá sem dúvida um opíparo banquete.

3 - Os velhinhos e velhinhas que circulam dentro das localidades a 40 km/h porque a lei supostamente a isso os obriga, castigando severamente com os máximos e por vezes até com um franzir de sobrolho, todo aquele que se atreve a ultrapassá-los. Gostam de alardear à boca cheia que em quarenta e tal anos de carta nunca tiveram um acidente ao contrário de todos esses assassinos do volante que por aí andam soltos e que deveriam, ainda segundo eles, ser todos metidos na cadeia. Normalmente esquecem-se de fazer sinal quando viram, de parar nas passadeiras, de se deterem nos sinais de stop ou nos sinais vermelhos e embora nunca tenham batido com o carro já causaram certamente algumas centenas de acidentes.

4 - A malta jovem que usa frases do tipo "Adeus, beijinhos que eu tenho de correr" enquanto se despedem apressadamente. Eu tenho de correr ? I've gotta run ? A chamada tradução à padeiro, que consiste em substituir cada palavra estrangeira pelo seu significado literal menosprezando o contexto em que se insere. Isto é porventura a linguagem cool dos nossos dias ? Quando eu era puto possuíamos um autêntico dicionário de termos ORIGINAIS, milhares deles, que constituiam o jargão através do qual nos expressávamos, nada destas traduções baratas e foleiras. Os putos já não puxam pela cabeça pá, essa é que é essa.

5 - Os fogareiros e os almeidas. Os fogareiros, vulgo taxistas, devem ser odiados, têm de ser odiados, penso mesmo que a principal razão da sua existência nas grandes cidades é servirem de bode espiatório a todos aqueles que circulam pelas estradas. A culpa é sempre do fogareiro. Abaixo o fogareiro. Quanto aos almeidas, para quem não conheça o termo, os homens do lixo, devem também ser odiados, só não sei é qual é a razão pela qual os devemos odiar. Não interessa, eu sempre aprendi que temos de odiar os almeidas, como se de alguma mítica tradição urbana se tratasse, daquelas que passam de geração em geração e que é preciso respeitar e manter vivas. Abaixo com eles todos!!!

6 - O público idiota que assiste ao vivo a qualquer tipo de representação cómica, donde se destaca a stand-up comedy agora tão em voga na televisão portuguesa, e que insiste em interromper o ritmo da coisa com aplausos complacentes e fora de tempo. Não basta rirem para demostrarem que estão a gostar, é preciso o tipo calar-se a meio da piada para a malta aplaudir durante 15 segundos ??? Ridículo.

7 - Os amigos (ou amigos da onça) que teimam em nos re-enviar toda a espécie de chain mails a distribuir promessas de riqueza, amor e felicidade, porque já se sabe não podem quebrar a corrente sob pena de lhes acontecer algo de catastrófico. Ora para aqueles que são demasiado obtusos para perceberem para que serve esse tipo de merdas eu passo a explicar. Esse tipo de mails serve apenas para a malta que envia spam engrossar ainda mais a lista de endereços electrónicos e para disseminar ainda mais facilmente virus e trojans pelos computadores de todos nós. Parem com isso!!!

8 - A TVI. Pura e simplesmente o canal de televisão mais baixo e degradante que eu tive o desprazer de alguma vez visionar. Conseguem num admirável esforço de consistente incompetência abandalhar qualquer tipo de transmissão televisiva, desde os programas de informação ao futebol em directo, não esquecendo os brilhantes programas de "interesse" público que nos impingem. Durante muitos anos mantiveram a tradição, sem dúvida pioneira no nosso país, de começarem a transmitir programação de qualidade apenas a partir da 1 da manhã, normalmente intercalada por intervalos de 20 minutos onde conseguiam encaixar desde publicidade a telejornais inteiros.

9 - Os tipos da EMEL, vulgarmente apelidados de Feijões Verdes devido aos lustrosos e verdejantes macacões que envergam. No género masculino surgem mal arranjados e de cabeças proeminentes numa clara desproporção em relação ao resto do corpo. Na sua versão feminina são baixas, gordas e de feições bexigosas. Têm em comum o facto de exercerem uma das mais miseráveis profissões existentes no país, pelo que frequentemente escondem da família e dos amigos a forma através da qual ganham a vida. São frequentemente vistos em bando pelas estações do metro carregando cada um o seu grande bloco de papelinhos multi-colores, usualmente a horas em que o cidadão cumpridor há muito está já no trabalho.

10 - Last but certainly not least - Os arrumadores de automóveis. Cambada de bêbados e janados que insiste em chantagear diariamente o cidadão comum, "oferecendo" um espaço de estacionamento num local público que o contribuinte até pagou do seu bolso através dos impostos que o 'arrumas' evidentemente não paga, em troca da garantia que o carro aí depositado não aparecerá com um risco a toda à largura da carroçaria. Isto tudo com a clara conivência da policia e autoridades competentes, no que constitui, quanto a mim, um dos maiores exemplos de agressão diária contra o cidadão. Coitadinho, é drogado, não sabe o que faz... Tá bem pá. E um murro nos cornos ?!?

P.S. : Agora que desabafei já me sinto muito melhor. Se tiverem mais sugestões para engrossar a lista não hesitem em contribuir. Vão ver que é uma terapêutica excelente.

segunda-feira, julho 05, 2004

De volta à terra

Depois de longa ausência em que tirei umas férias do blog dentro das férias do trabalho, volto finalmente a escrever aqui, por coincidência numa altura em que o país chora um campeonato perdido mas de onde sai claramente de cabeça erguida. É com esse pensamento em mente, com a sensação do dever cumprido e até com a alegria de ter visto bom futebol por parte da nossa selecção que recordo aqui o dia de ontem, fatídico dia da final do europeu, aquele que poderia ter sido um dos maiores dias na vida de cada português(ou quase...).
Tendo combinado ir ver a final a casa de um amigo que mora a escassos 800 metros do Estádio da Luz saí de casa por volta das 18:30, bem antes do início da partida e para lá me dirigi a pé que a curta distância outra coisa não justificava. Imediatamente notei que as pessoas escasseavam nas ruas, viam-se apenas uns quantos transeuntes ocasionais que, tal como eu, se dirigiam vestidos e enfeitados a rigor para casa de amigos ou familiares para em conjunto fazerem a festa mais do que anunciada. Apesar do respeito que a equipa grega infundia pelo facto de ter deixado pelo caminho grandes selecções e ter já vencido a equipa portuguesa, ninguém considerava como possibilidade séria outro resultado que não a vitória, principalmente se atendermos ao actual estado de graça que atravessava o 11 lusitano. Chegado ao meu destino esperava-me já uma bela caracolada regada com a cervejinha gelada da ordem no que constituiu um excelente prelúdio da festa que se augurava de arromba. Discutida a táctica, as opçoes de Scolari e as anteriores exibições a partida teve enfim início. Nos primeiros minutos cedo se viu que a Grécia se desdobrava em campo na sua formação típica, 3 centrais, 2 laterais, 1 trinco, 2 extremos a tender para o meio e muito chegados ao meio campo e 2 avançados, um deles mais recuado com a missão de transportar jogo para o ataque. Até aqui não existiam surpresas. O que desde logo me surpreendeu foi o facto da equipa lusa se apresentar numa forma idêntica à que mostrou na partida inaugural contra estes mesmos gregos, jogando sem velocidade e sem capacidade de penetração na apertada trama defensiva adversária. Desde cedo que senti que o jogo ia ser difícil, tal era a forma como o nosso adversário conseguia de forma evidente congelar todos os esforços de espevitar o jogo. Depois a lesão de Miguel, um dos mais esforçados até então. Deco que não acertava um passe, Figo e Ronaldo que não conseguiam nunca escapar às marcações cerradas, Pauleta que... bem, Pauleta na habitual pasmaceira. À medida que o tempo passava tornava-se por demais evidente que Portugal não conseguiria marcar, já que apenas por um par de vezes chegou com perigo à baliza adversária na 1ª parte. Depois o temido golo grego no único canto de que dispuseram em toda a partida. A partir daqui foi óbvio o entregar do jogo por parte dos gregos para se remeterem por inteiro à defesa do resultado. Rui Costa ainda deu esperança mas não foi suficiente. É obvio que jogar contra uma equipa tão fechada não é fácil, que o digam Iñaki Sáez, Jacques Santini ou Karel Brückner, todos eles seleccionadores de grandes potências europeias que foram caindo a pouco e pouco aos pés de um futebol que longe de bonito ou digno tem apenas o condão de ser bastante eficaz. Na minha opinião o grande mérito da vitória helénica deve ser atribuido ao seu treinador, Otto Rehhagel, que soube construir um autentico conjunto combativo e sólido, ainda que tendo que recorrer frequentemente ao claro anti-jogo. O futebol grego é uma autêntica tragédia, principalmente para os adversários que os defrontam. Se por um lado estava satisfeito com o facto de Portugal ter ultrapassado os Quartos de Final, meta que considerava obrigatória, não é sem uma ponta de desespero que encaro a derrota frente a uma equipa como a grega. Perder sim, mas contra uma verdadeira equipa de futebol. Perder assim não faz sentido. Mas deste europeu não guardo apenas o sabor amargo da derrota no derradeiro jogo. Como é possivel esquecer o mês de esperanças, sonhos e alegrias proporcionados por uma competição que foi inexcedível a todos os níveis ? Quem disse que Portugal é um país de gente incapaz ? Quem pode afirmar agora que não sabemos fazer tão bem ou melhor que os nossos parceiros europeus ? E quem disse que os portugueses não amam o seu país e dele não se orgulham ? O que é uma derrota comparada com a sensação inesquecível de ver milhares de bandeiras verdes e vermelhas ao vento, a alegria nas ruas nas comemorações das vitórias (mas também ontem na derrota), uma nação inteira a cantar o hino nacional em uníssono antes de cada partida ? O europeu acabou mas os portugueses saem fortalecidos no espírito e no orgulho, que não só de pão vive o homem e a verdade é que estávamos todos a precisar.